A atividade de bioprospecção é definida como a pesquisa sistemática para a busca de compostos químicos, genes, micro e macrorganismos e outros produtos naturais disponíveis para seu potencial uso nas indústrias farmacêutica, agrícola e biotecnológica, de forma a obter novos produtos e processos que apresentem elevado valor comercial.
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Biodiversidade
A flora brasileira é reconhecida como a mais rica do mundo. O conhecimento dessa flora teve inicio nos séculos 18 e 19, quando naturalistas estrangeiros e alguns poucos botânicos brasileiros coletaram amostras vegetais e as remetiam aos herbários europeus. O objetivo principal deste período era estudar a flora e o seu potencial de utilização. Grande parte das coleções destes naturalistas foi utilizada na descrição de novos táxons ou integraram o conjunto de amostras que serviram de base para descrição das mais de 22.000 espécies da Flora brasiliensis (Martius, Eichler & Urban 1840 –1906). Até o momento, são reconhecidas 46.717 espécies para a flora brasileira, sendo 4.756 de Algas, 33.278 de Angiospermas, 1.574 de Briófitas, 5.719 de Fungos, 29 de Gimnospermas e 1.361 de Samambaias e Licófitas (Flora do Brasil, 2020).
Com este número de espécies vegetais já identificadas na flora brasileira, pode-se afirmar que o Brasil possui cerca de 20% das plantas conhecidas mundialmente, estimadas em torno de 250.000 espécies. Alguns estudos apontam que apenas cerca de 6% dessas espécies foram submetidos a estudos de atividade farmacológica e 15% foram avaliadas fitoquimicamente (Verpoorte, 2000). O Brasil carece de um levantamento sobre o número de espécies estudadas do ponto de vista químico-farmacológico, mas alguns pesquisadores apontam que menos de 2% dessas espécies vegetais foram objetos de pesquisa no campo farmacêutico. Este fato abre um grande universo para a pesquisa de bioprospecção molecular e com urgência, ao passo que várias espécies entram anualmente na lista de espécies ameaçadas de extinção. “É preciso conhecer para conservar”.
Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ >. Acesso em: 29 Mai. 2019.
Verpoorte R (2000) Pharmacognosy in the new millennium: leadfinding and biotechnology. Journal of Pharmacy and Pharmacology 52: 253 – 262.
Bioma Mata Atlântica
Entre todos os ambientes naturais conhecidos do planeta, poucos abrigam tanta diversidade de vida como a Mata Atlântica brasileira. Milhares de espécies de animais, plantas e microrganismos, muitas delas ainda nem descritas pela ciência, vivem nesse ambiente. Localizada ao longo da costa nacional, a floresta Atlântica apresenta cerca de 20.000 espécies de plantas, mais de 1.400 espécies de vertebrados terrestres, algumas das quais são endêmicas, ou seja, somente encontradas nessa região. Isso faz que a Mata Atlântica seja considerada pela Unesco como Reserva da Biosfera.
Apesar da Mata Atlântica ser considerada patrimônio nacional, atualmente esse bioma é considerado o segundo mais ameaçado de extinção do planeta. Após os 500 anos de colonização do Brasil, apenas cerca de 7,5% da Mata Atlântica encontra-se conservada. Hoje, quase 70% da população brasileira vivem nos domínios da Mata Atlântica e depende diretamente de seus remanescentes para a sua sobrevivência, sobretudo, no que diz respeito aos recursos hídricos.
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A atividade de bioprospecção é definida como a pesquisa sistemática para a busca de compostos químicos, genes, micro e macrorganismos e outros produtos naturais disponíveis para seu potencial uso nas indústrias farmacêutica, agrícola e biotecnológica, de forma a obter novos produtos.
Espaço Ciência
Toda esta diversidade de plantas das florestas tropicais ainda é pouco conhecida pelos pesquisadores.
Dados recentes indicam que menos de 1% dessas espécies vegetais foram investigadas cientificamente no campo da medicina.
Neste universo, várias moléculas presentes nestas plantas são totalmente desconhecidas do ponto de vista da química e quanto ao seu potencial como fármaco ou outros produtos de interesse para a sociedade.
BioPESB
Programa de Bioprospecção e Uso Sustentável dos Recursos Naturais da Serra do Brigadeiro
O Programa envolve vários projetos do grupo de pesquisa também intitulado BioPESB, reconhecido pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil. O BioPESB reúne pesquisadores e extensionistas de diferentes áreas da ciência que atuam, de forma conjunta, no campo da bioprospecção e uso sustentável dos recursos naturais de áreas remanescentes da Mata Atlântica local.
Além da importância de se estudar a biodiversidade da Mata Atlântica, o fato de as pesquisas do BioPESB serem focadas na região da Serra do Brigadeiro, com delimitações geográfica e sócio-demográfica do espaço de atuação, se deve a criação de uma relação de compromisso e confiança entre os atores envolvidos, contribuindo para a gestão integrada das atividades.
Conheça o site do BioPESB